18/08/2007

Palavrões, palavras e palavrinhas



Palavrões, palavras e palavrinhas.


Por Lucy Casolari
Pedagoga e educadora da VERCRESCER assessoria educacional.



Criança aprende tudo tão rápido! Isso vale para as coisas "do bem" e as" do mal"... De repente seu filho, sem mais nem menos, solta um tremendo palavrão. Após o choque inicial, virão as perguntas inevitáveis: Será que sabe o que está dizendo? Onde aprendeu isso?
Se esse "evento" ainda não aconteceu, não tenha dúvida, ele virá... E você estará com uma batata quente na mão pois, acredite, a sua reação será percebida e devidamente registrada por seu filho. Pode parecer exagero, mas as crianças têm um talento especial para avaliar e utilizar as atitudes que causam mais impacto sobre os pais e adultos em geral. Por volta dos três anos repetem o que ouviram, sem saber o significado, como papagaios mesmo, portanto é a sua manifestação diante desse fato que vai dar pistas a seu filho sobre o impacto dos palavrões.

O primeiro palavrão ninguém esquece...
Se a sua reação for de escândalo, desproporcional ao fato, a criança irá, com certeza, usar dessa artimanha para chamar a atenção sempre que não conseguir de outras maneiras. Costuma ser muito eficiente!
Em algumas situações, é realmente engraçado ouvir um sonoro palavrão, ou porque cabe perfeitamente na frase da criança ou por ser totalmente estapafúrdio.Mas se você demonstrar que achou graça e se puser a rir, estará passando a dupla mensagem de que é sempre muito divertido. O palavrão pode, então, se transformar numa arma para as "gracinhas infantis".
Procure manifestar seu desagrado de forma equilibrada, porém seja firme. Assim seu filho irá, aos poucos, distinguindo palavras de palavrões, bem como as situações em que podem ser eventualmente usados.
Onde ele aprendeu isso?
É comum os pais comentarem que "é lógico que foi na escola". Uma forma de se eximir de qualquer responsabilidade! Muitas vezes não têm consciência de que utilizam esse tipo de linguagem no cotidiano, seja no trânsito, num impulso de raiva, no meio de uma discussão ou após uma topada no pé.
Resumindo, atualmente se ouve, com freqüência, termos menos educados, chulos mesmo! Só que as crianças estão atentas a tudo, não apenas ao que escutam os pais falarem, mas ao que ouvem dos outros adultos: amigos, parentes, empregados e, claro, também do que assistem na televisão. Tudo isso sem deixar de mencionar aqueles que acham muito engraçado ensinar essas "graças" aos pequenos.
Na escola, efetivamente, as oportunidades são muitas, pois sendo o espaço da socialização, é onde seu filho tem contato com várias crianças, vindas de diferentes famílias, com valores e hábitos próprios. Ainda que a escola tenha clareza e se defina por não permitir o uso de palavrões na sala de aula, existem momentos em que nem a vigilância mais cuidadosa dá conta de tudo. Os parques, pátios e recreios proporcionam uma liberdade maior e, naturalmente, uns aprendem com os outros e aumentam o vocabulário: tanto de palavras como de palavrões.
Não se trata, portanto, de descobrir o responsável ou culpado, até porque isso não leva a nada. Importante é lidar da forma mais eficiente, para desenvolver nas crianças o discernimento e as habilidades necessárias à vida em comunidade, fundamentais não só para o presente, mas principalmente para o futuro.
Lidando com o palavrão no dia-a-dia
Sabemos que é mais fácil não deixar um hábito se instalar do que alterar um comportamento. Um posicionamento firme quando as crianças usam termos mais pesados é a melhor maneira de não deixar que se tornem mania.
Os pais, às vezes, com receio de se mostrar autoritários, acabam correndo o risco de ver o vocabulário dos filhos reduzido a oito palavrões para cada dez palavras. Não se trata de bater, castigar, colocar pimenta na boca ou humilhar seu filho em público, mas de adverti-lo firmemente toda vez, mas é toda vez mesmo, em que ocorrer o evento.
Em caso de uma explosão de raiva, se você ajudá-lo a encontrar um jeito mais educado de expressar esse sentimento sem minimizá-lo, estará sem dúvida contribuindo para desenvolver uma forma de lidar com seus "monstros" produtivamente. Afinal sentir raiva porque perdeu num jogo ou ficar bravo quando o amigo ou irmãozinho quebrou o seu brinquedo preferido é uma reação normal. Importante é aprender a reconhecer o sentimento e encontrar a maneira adequada de expressá-lo.
O melhor exemplo é você
Se seu filho já adquiriu o hábito de falar palavrões indiscriminadamente, criando situações constrangedoras ao usá-los com os avós, pessoas mais idosas ou professores, certamente vai dar mais trabalho alterar esse comportamento.Comece por priorizar os mais cabeludos, ignorando o uso dos mais corriqueiros (saco, bunda, cocô...) e cuide da sua própria linguagem, procurando mostrar na prática outras alternativas.
E, principalmente, tenha paciência de monge para intervir com uma palavrinha firme, toda vez em que houver necessidade. Aos poucos ele irá se acostumando a usar um vocabulário mais adequado, deixando os palavrões para os momentos mais informais como brincadeiras e jogos com os coleguinhas. Assim palavras, palavrinhas e palavrões estarão em condições de conviver mais harmoniosamente!
Coisa de criançaAprender a lidar com as birras e manhas das crianças é a melhor arma para acabar de vez com elas Juliana Lolato
Não há coisa mais chata do que, no meio da conversa, uma criança interromper a mãe aos gritos até que receba atenção. Isso pode acontecer porque a criança está aprendendo a ter um comportamento social e ainda não sabe direito o que pode ou não fazer. Mas seu jeito birrento também pode ser indício de que algo não vai bem com suas emoções.
"Cada criança escolhe um meio de mostrar que está infeliz ou assustada. Mas como não sabe identificar o que está acontecendo, ela expressa seu desagrado por meio de atitudes como birra, manha ou teimosia, irritando os adultos", explica a psicóloga Eliza Helena Ercolin, autora do livro Filhos, o que fazer? Guia para mães desesperadas. É ela quem avisa avisa: certos hábitos, se não forem cortados a tempo, podem se tornar vícios de comportamento. No futuro, essas pequenas birras podem se transformar em sérios problemas de relacionamento.
Doses de paciência
Se seu filho está passando por essa fase, não entre em pânico ao enfrentar uma crise de manha. Se souber lidar com a situação, ele logo vai abandonar esse comportamento. Veja os hábitos infantis mais comuns e como você pode agir:
Chupeta: após a mamada, alguns bebês ainda sentem necessidade de sucção, o que justificaria o uso da chupeta até cerca de quatro meses. Depois dessa idade, alguns pais oferecem a chupeta para acalmá-lo ou distraí-lo.
Seria melhor que o hábito não tivesse sido incentivado, mas agora o jeito é ter paciência. Nada de atitudes drásticas, como jogar a chupeta fora. Desse jeito, ela vai acabar trocando o hábito pelo outro, como chupar o dedo, o que é mais complicado ainda. "Quando a criança for maior, peça que ela própria vá buscar a chupeta, se quiser", aconselha a psicóloga. Aos poucos, ela vai desistir do hábito.
Chupar o dedo: é mais difícil, até porque não dá para esconder ou eliminar dedinhos. Dar bronca também não resolve, pois reforça ainda mais o hábito. O mais adequado é que os pais incentivem atividades que exijam o uso das mãos no momento em que a criança comece a chupar o dedo.
Roer unhas: pode ser sinal de ansiedade. Se não vem junto com hábitos como enrolar os cabelos ou fazer xixi na cama, é importante observar o que está causando o problema. Pode ser que a criança não esteja agüentando as pressões na escola, por exemplo. O importante é tentar acalmá-la. Como medida prática, evite as unhas compridas ou com "pelinhas", para que ela não comece a mastigar as cutículas.
Carregar paninhos: comum em crianças pequenas que não aceitam a separação da mãe. O paninho funciona como substituto da figura materna. Para evitar a angústia na criança, o ideal é que a mãe avise quando vai sair e o porquê, além de deixar claro a que horas vai voltar, dando uma referência de tempo, como "mamãe volta na hora do jantar". Nesses casos, demonstre com mais afinco sua atenção e afeto, recomenda a psicóloga. Se ela for maior, limite o acesso ao objeto apenas à hora de dormir ou quando ela está doente ou infeliz.
Dormir na cama dos pais: criança com medo vai procurar abrigo na cama dos pais que, por cansaço, acabam permitindo. Muitas vezes, quando o marido não está em casa, a mãe deixa que a criança durma com ela. Mas há também quem use a situação como saída para evitar o sexo em momentos de crise. Esse hábito não é saudável. As próprias crianças, ao perceberem um clima instável entre os pais, podem querer dormir com eles, como forma de garantir a harmonia do casal. Por isso é recomendável que, assim que a criança aparecer, um deles se levante, leve-a para sua cama e fique em seu quarto até que ela pegue no sono.
Falar palavrões: o uso de palavrões é mais comum entre os meninos, como forma de se impor frente aos amigos. Atenção: a criança só vai repetir o que ela escutar, principalmente dos adultos. Por isso, é bom tomar cuidado com o vocabulário usado em casa. De qualquer forma, o ideal é que o palavrão não seja usado em lugar nenhum, por isso os pais devem explicar o que significam e porque é feio dizê-los.
Pegar objetos dos colegas: algumas crianças, por volta dos cinco anos, aprendem a ter noção de que cada um possui seus próprios objetos. E que podem pedi-los emprestado por algum tempo, mas jamais devem levar para casa o que não é seu. Outras vão aprender somente mais tarde. As que têm irmãos mostram mais facilidade para dividir seus objetos. Já os filhos únicos, por não passarem por essa experiência, não gostam muito de partilhar. O ideal é ensinar a compartilhar os objetos com os pais ou amiguinhos. Dependendo da idade, se a criança já tem noção do que é certo e errado, mas mesmo assim insiste em pegar os objetos dos outros, é preciso muita conversa e paciência, para explicar que é errado levar embora o que não é seu. Querer brinquedos dos outros pode ser comum em crianças de 3 e 4 anos, que ainda pensam que tudo pertence a elas. Mas já nessa idade devem aprender noções de propriedade com exemplos simples do tipo: "Se mamãe levar seu ursinho embora, você vai ficar triste". Em crianças maiores, esse tipo de comportamento demonstra falta de limites. É comum em crianças mimadas e autoritárias. Se não forem bem orientadas, terão problemas na escola, onde cada um possui seus próprios objetos. O hábito constante de se apropriar de objetos alheios pode ser também sinal de ansiedade ou carência. É aconselhável verificar o motivo e procurar ajuda profissional.
Interromper conversa de adultos: crianças que agem desse jeito estão em busca de atenção. Se os pais param a conversa para dar sermões ou para recriminar a criança, acabam reforçando o hábito, pois assim ela consegue seu objetivo. Quando ela é pequena, o ideal é deixá-la entretida e bem atendida para depois iniciar uma conversa. De vez em quando, verifique se ela precisa de alguma coisa. Se ela solicitar sua atenção, diga que está conversando e que já vai - e vá mesmo! Evite conversas muito longas próximo aos horários de comer ou dormir.
Consultoria: Eliza Helena Ercolin, mestre em Psicologia da Saúde, professora de psicologia da Faculdade Don Domenico, psicóloga concursada do Departamento de Saúde de Guarujá e autora do livro Filhos, o que fazer? Guia para mães desesperadas. Ed. Esfera.
Quando o seu filho diz, de repente, um palavrão, você fica atónito. A juntar à vergonha, interroga-se "mas onde é que ele aprendeu esta palavra?". "Porque será que ele usou esta expressão?". "Será que está a ser mal-educado?"As crianças...As crianças são autênticos "radares". Captam não só todos os nossos sentimentos, mas também tudo o que dizemos, por mais distraídas que pareçam. Inclusive alguns pais referem que, "ele estava a brincar, tão absorto, com os carrinhos, que pensei que não estivesse a ouvir".Mas, estava e "apanhou" exactamente aquilo que não queriam que ouvisse. Porque será? Na realidade, embora o seu filho possa estar completamente absorto a brincar, normalmente presta atenção ao que você diz e se for um palavrão, acompanhado de toda a carga emotiva que o reforça, mais facilmente o decora.As crianças prestam atenção a todos os tons enfáticos, já que é desta forma que conseguem perceber o estado de espírito dos seus familiares. É assim que o seu filho percebe se você gostou ou não de uma acção que ele realizou: uma asneira é seguida de um tom mais ríspido, enquanto que uma boa acção de um tom mais "doce".Novo vocabulárioA partir dos três/quatro anos, e devido ao seu desenvolvimento mental, a criança começa a perceber que, cada palavra pode ter um diferente significado, consoante o momento e a forma como é dita. E quem lhe ensina isso? Você! Senão vejamos: ao mudar-lhe a fralda, acompanha a palavra "cocó" com expressões de desagrado.Então, ele começa a perceber que as palavras podem ter uma outra forma de ser entendidas. O mesmo se passa se ele fez alguma coisa bem: você faz-lhe um elogio e mostra um "grande" sorriso, revelador de toda a sua felicidade.Entretanto, a linguagem sofre uma grande alteração, sendo que a criança começa a adquirir novas palavras e a sua capacidade mental começa a estabelecer novos sentidos para cada vocábulo que você utiliza quando lhe fala. Quando isso não acontece, e mesmo que não saiba qual o significado da palavra, você demonstra-lhe "pelas suas expressões " que esta ou aquela palavra "não é boa".Chamar a atençãoAs crianças utilizam as palavras que consideram causarem mais perturbação (experimentando) e as que mais ouvem, por exemplo, na escolinha. As principais razões podem ser:- Demonstrar o seu estado de espírito (se está zangado, aborrecido, etc.)- Imitar os pais em determinada situação- Observar a reacção das pessoas que estão à sua volta- Demonstrar a sua própria independência em relação aos demais- Chamar a atenção (especialmente dos pais).Como agir?A forma como reagir a cada uma destas asneiras, irá condicionar a forma e as vezes que ele a repetirá. Assim, a sua reacção deverá ter em conta a palavra "em si" (o seu grau de gravidade) e as vezes que a repete (uma vez, duas, quatro...).Muito embora as crianças sejam todas diferentes, tal como os "palavrões" que empregam, existem alguns conselhos que pode seguir:- Se a palavra é inofensiva, o melhor será ignorá-la e, principalmente, não se rir, não contar a situação a outras pessoas na presença da criança e não se mostrar afectada pelo vocábulo empregado. Se o fizer a criança irá assumir que conseguiu o efeito que queria.- Se a palavra for ofensiva, deve chamar a criança à atenção, de modo a que entenda que ninguém vai reagir e que apenas dirão que ele não está a ser um menino bonito. Lembre-se que o seu filho está a testar a eficácia do termo, pelo que se lhe bater ou se se mostrar demasiado chocada, pode estar a ter uma atitude contrária ao seu objectivo.Algumas soluções...A melhor forma de lidar com uma criança consiste em oferecer-lhe alternativas que lhe permitam expressar, de outra forma, a sua irritação, aborrecimento ou mesmo a sua raiva. Experimente fazer com ele um jogo de palavras: a cada asneira que ele disser, proponha-lhe utilizar outras palavras, que consigam exprimir o que está a sentir naquele momento.Recorde que, embora existam palavras que consideremos "asneiras", muitas vezes são tão suaves que mais vale ignorá-las.A lei da compensaçãoSe você castiga o seu filho, quando ele diz asneiras ou palavrões, não o deixando jogar na sua consola ou proibindo que veja na televisão o seu programa preferido, aproveite para o compensar sempre que ele se comporte bem. Utilize o mesmo esquema e deixe-o ver mais uns minutos do seu programa preferido ou dê-lhe um tempinho suplementar para jogar na consola.Quem dá o exemplo são os pais e, por muito que esteja zangada ou "à beira de um ataque de nervos" – algo que uma criança pode conseguir facilmente – nunca utilize insultos para recriminar a criança. E se o comportamento se mantém, e inclusive a criança tem comportamentos agressivos para com os seus pares, não hesite em consultar um especialista.A melhor forma de educar consiste em demonstra-lhe que embora se tenha portado mal, ele continua a merecer todo o seu amor e carinho e que você jamais lhe faltará.


Fonte: bebe.sapo

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