"Ensinar é o maior dos atos de otimismo" (Colleen Wilcox, educador americano).
As emoções são contagiantes.
É perfeitamente natural que influenciemos o estado emocional de outra pessoa, para melhor ou para pior. Fazemos isso o tempo todo, "pegando" emoções uns dos outros, como se fossem alguns tipos de vírus sociais. Essa troca emocional constitui uma economia interpessoal invisível, parte de toda interação humana. O que é válido para a troca íntima que ocorre numa sessão de psicoterapia não é menos verdadeiro no chão da escola, na sala de reuniões da diretoria ou na estufa emocional da vida. E, se transmitimos estados de ânimo com tanta facilidade, é porque eles podem ser sinais vitais para a sobrevivência. Nossas emoções nos dizem em que devemos nos concentrar ou quando agir. As emoções são mecanismos que funcionam como avisos, convites, alarmes.
Como um sistema de sinalização, as emoções não necessitam de palavras. De modos sutis (ou não tão sutis), cada qual faz com que o outro se sinta melhor (ou pior), como parte de qualquer contato que tenhamos. Cada encontro pode ser pesado segundo uma escala que vai da intoxicação à nutrição, em termos emocionais. Embora essa operação seja na maior parte invisível, pode trazer enormes benefícios para uma escola ou para o tom da vida organizacional.
Como lidar com as emoções dos outros?
Final de um dia úmido, longo e cansativo no Walt Disney World. Um ônibus lotado de pais e crianças começa o trajeto de 20 minutos de volta para o hotel. As crianças (e seus pais) estão muito agitadas e irritadiças. O motorista do ônibus, então, começou a cantar uma música do filme A Pequena Sereia. Aos poucos, todos foram se acalmando, prestando atenção. Primeiro uma menininha começou a cantar; logo várias outras crianças se juntaram a ela. No final do percurso, todos estavam cantando Círculo sem Fim, de O Rei Leão. Resultado: a viagem de ônibus infernal acabou se transformando num passeio agradável.
Aquele motorista de ônibus sabia muito bem o que estava fazendo. Na verdade, motoristas cantores fazem parte de uma estratégia intencional para ajudar a manter a tranqüilidade dos passageiros. Essa estratégia aproveita de forma inteligente o contágio emocional. Para melhor ou pior, fazemos todos parte dos conjuntos de ferramentas emocionais uns dos outros. Estamos sempre acionando os estados emocionais dos outros da mesma maneira que fazem conosco. Esse fato constitui um forte argumento contra a expressão desinibida de sentimentos tóxicos no trabalho. Eles envenenam o poço. No sentido oposto, os sentimentos positivos sobre uma companhia se baseiam, em grande parte, em como as pessoas que representam a empresa nos fazem sentir.
Nas organizações, as pessoas mais eficazes sabem disso intuitivamente. Elas utilizam de forma natural o seu radar emocional para pressentir como os demais estão reagindo. Como comentou comigo Tom Pritzker, presidente da Hyatt Hotels: "Não se pode quantificar a moça da recepção que conquista o cliente com um sorriso, mas pode-se sentir o benefício disso". (Os sorrisos são o sinal emocional que tem o maior efeito contagioso, possuindo um poder quase irresistível de fazer os outros sorrirem de volta.) Os mesmos mecanismos do cérebro que estão por trás da empatia e que possibilitam a sintonia emocional também criam o caminho para o contágio emocional. Como observa Howard Friedman, psicólogo na Universidade da Califórnia, em Irvine: "A essência da comunicação eloqüente, apaixonada, vibrante parece envolver o uso de expressões faciais, tons de voz, gestos e movimentos do corpo, a fim de transmitir emoções".
Num certo sentido, a exibição emocional é como um teatro. Todos temos nossos bastidores, a zona oculta onde sentimos nossas emoções, e um palco, a arena social, onde apresentamos as emoções que resolvemos revelar. Essa separação íntima entre nossas vidas emocionais públicas e privadas é semelhante à concepção da frente da loja e do escritório nos fundos. As exibições emocionais são freqüentemente dirigidas com maior cuidado quando se está interagindo com clientes, com as crianças e com menor atenção nos bastidores - discrepância que pode ser infeliz.
Alegria no trabalho: ambiente saudável, produtivo e de respeito às crianças.
Pense na alegria que você tinha quando criança e procure essa sensação no ambiente de trabalho e em todos os outros aspectos da vida. Talvez seja apenas necessário pendurar na parede suas tiras de quadrinhos favoritas, fotografias engraçadas (não deixe de pôr uma foto sua), citações engraçadas ou qualquer coisa que estimule sua veia cômica. Compre um maço de flores (no supermercado mesmo) e enfeite sua mesa. Use uma roupa "especial" na próxima reunião de trabalho, nem que seja roupa de baixo colorida sob o terno ou vestido sóbrios. Antes de sair de casa pela manhã, dance de pijama na frente do espelho para começar o dia sorrindo.
Encha sua vida de cuidados para mostrar a imagem que você faz de si mesmo. Decore seu ambiente com itens que estimulem todos os seus sentidos. Convide a sua "criança interior" a criar maneiras estimulantes de dar alegria a seu trabalho e faça com que o fator humor esteja presente em cada tarefa que realizar.
Afinidade
As relações humanas se firmam baseadas em vários aspectos: genética, personalidade, formação, empatia e afinidade entre outros. Cientificamente está provado que não importa o quanto desejemos, teremos afinidade com algumas pessoas e com outras não. Um dos maiores conflitos de relacionamento entre pessoas de diferentes classes está no fato de acharem que todos devem se gostar entre si. No trabalho, por exemplo, vamos conviver diariamente com várias pessoas, mas necessariamente, não teremos afinidade com todas, algumas necessitarão de um maior esforço de nossa parte para mantermos o profissionalismo e seguirmos trabalhando juntos. Na nossa família, na nossa casa, também é assim. Às vezes temos dificuldades em nos relacionar com uns e muita afinidade e entrosamento com outros. "Ce la vie"... É a vida. E como faremos quando estamos influenciando diretamente a vida de nossos bebês, de nossas crianças nas Creches? Ah... mas com as crianças é diferente... Eu gosto de todas iguais. Não é verdade! Rapidamente tomamos consciência de que temos muita facilidade em lidar com algumas crianças e tremenda dificuldade com outras. Entendido e aceito isto, o que fazer? Devemos partir do princípio do respeito à individualidade e liberdade de cada criança. Hoje ouvi uma observação interessante na TV, onde a cantora Ivete Sangalo disse que quando as pessoas aprenderem a ter respeito mútuo, o mundo se tornará um lugar melhor. Então, vamos tratar igualmente com nossas crianças, com respeito e carinho por todas, porque com certeza entre todas as educadoras, as crianças rapidamente demonstrarão sua afinidade por uma ou por outra, e aí não pode haver ciúmes, mas respeito. E entre todas as crianças, rapidamente sentiremos aquelas às quais temos mais afinidade, então temos que nos esforçar em não fazer diferenciação entre elas, em não escolher uma e preterir à outra, para que a convivência seja sadia e para que o tempo em que elas conviverem conosco seja guardado na lembrança delas como um tempo em que elas foram amadas, respeitadas, e onde sua individualidade e liberdade foram incentivadas.
Maria Fernando Tognozzi Borges, psicóloga clínica e escolar, pós-graduada em Ed. Infantil pela PUC, especialista em atendimento familiar, dinamicista de grupo, diretora do espaço de formação do educador infantil.